O livro do Príncipe Harry “A Sombra” está a ser um sucesso de vendas – só o outro Harry, o Potter, se deu melhor na estreia. Mas sabes quem está a lucrar também com a obra que mostra os “podres” da família real britânica? O Escritor fantasma que a escreveu.
As memórias do Príncipe Harry, intituladas na versão original “Spare” (algo como “suplente” ou “sobresselente” em português), têm dado muito que falar pelas revelações polémicas. Entre outros dados, o mais novo filho do Rei Carlos III conta que consumiu drogas e acusa o irmão William de o agredir.
A estreia do livro no Reino Unido foi a melhor de sempre, para um livro de não-ficção, com grande procura. Melhor só mesmo o outro Harry, o Potter!
Harry apareceu em várias entrevistas a promover o livro e só o seu nome aparece na obra. Mas, na verdade, “Spare” foi escrito por um Escritor fantasma.
Mas o que é um Escritor fantasma?
Esta figura do “ghostwriter“, como se diz em inglês, não é novidade. Habitualmente, as editoras recorrem a escritores que estão dispostos a ficar na sombra para escreverem os livros de celebridades.
No caso do livro de Harry, esse autor terá sido J.R. Moehringer, uma espécie de superestrela no mundo dos Escritores fantasma!
E sabes quanto é que ele ganhou por escrever o livro, sem lá colocar o seu nome? Cerca de um milhão de euros, ou seja, mais de 900 mil euros, segundo o site Page Six que costuma avançar notícias em primeira mão sobre celebridades.
Não foi um mau negócio! Mas é possível que o Escritor fantasma ainda venha a ganhar mais, em função dos lucros obtidos com a obra. Tudo depende do acordo que assinou com a editora.
Harry terá recebido, por seu lado, à roda de 20 milhões de dólares, isto é, mais de 18 milhões de euros, de avanço pela obra que expõe algumas das desavenças da família real britânica. Mas ainda terá acesso ao dinheiro dos lucros (que ele já disse que vai doar para caridade).
Quem é o Escritor fantasma do livro de Harry?
Os “ghostwriters“, como já dissemos, escrevem livros em nome de outras pessoas, sem que os seus nomes apareçam nas capas. E J.R. Moehringer é um “velho conhecido” neste âmbito.
O escritor já escreveu livros de outros famosos, segundo se diz nas imprensas britânica e norte-americana. Assim, terá sido também o autor das autobiografias “Open” (2009) do antigo tenista André Agassi e “Shoe Dog” (2016) do cofundador da Nike, Phil Knight.
O que une estes dois livros, bem como o do Príncipe Harry, é que foram todos grandes êxitos de vendas!
Entretanto, J.R. Moehringer já lançou as suas próprias memórias, em 2005, no livro “The Tender Bar” que foi adaptado para cinema por George Clooney em 2021. Ben Affleck é o protagonista do filme que conta como o Escritor cresceu no bar do tio, sendo órfão de pai.
Moehringer trabalhou diretamente com George Clooney na adaptação do seu livro para o filme. E terá sido o Ator, que é amigo de Harry e da sua mulher, Meghan Markle, a indicar Moehringer como o Escritor fantasma certo para a obra do Príncipe.
Vencedor de um Prémio Pullitzer
É importante dizer que Moehringer é, além de Escritor, também um conceituado Jornalista. Trabalhou, por exemplo, nos jornais norte-americanos The New York Times e Los Angeles Times.
Chegou a ganhar o importante Prémio Pullitzer em 2000, com a reportagem “Crossing Over” que foi publicada a 22 de agosto de 1999 no Los Angeles Times. Esta peça jornalística é um retrato de uma comunidade isolada do Alabama, onde vivem descendentes de escravos.
Moehringer também escreveu um romance em nome próprio, intitulado “Sutton” (2012), sobre a vida do famoso ladrão de bancos Willie Sutton.
Descobre como ser Escritor
Como se escreve um livro como Escritor fantasma?
J.R. Moehringer não assumiu, até agora, ser o autor do livro do Príncipe Harry. Mas, nos últimos dias, tem partilhado no seu perfil do Twitter várias publicações sobre a obra, nomeadamente sobre o sucesso nas vendas.
Uma dessas publicações frisa que “algumas librarias americanas têm uma lista de espera de um ano pelo livro do Príncipe Harry”.
No passado, Moehringer assumiu-se como o Escritor fantasma da autobiografia de André Agassi, revelando, em entrevista ao The New York Times, em 2009, que passou 250 horas com o antigo Tenista. Isto para apanhar a essência do ex-atleta.
O Escritor também revelou que tinha conversas com o ex-campeão de ténis que mais pareciam sessões de psicanálise, algo necessário para contar de forma fiel a sua vida.
“Tenta-se habitar a pele deles e, embora se esteja a pensar na terceira pessoa, escreve-se na primeira pessoa, então, os processos são imagens espelhadas uma da outra”, explicou ainda Moehringer numa entrevista, em 2012, na rádio NPR.