A Medicina Materno-Fetal é uma subespecialidade da Obstetrícia que se dedica ao tratamento das doenças da gravidez, assim como das doenças do feto. Sendo assim, o médico especialista em materno-fetal trata sempre dois pacientes ao mesmo tempo, a mãe e o feto.
Se te atrai a área da obstetrícia, então esta subespecialidade pode ser bastante interessante para ti. Neste artigo nós vamos mostrar-te tudo o que precisas saber sobre esta profissão.
Vais descobrir o que faz um especialista em Medicina Materno-Fetal, quais as funções que tem no seu dia a dia de trabalho, as saídas profissionais possíveis, assim como o percurso académico que terás de fazer para entrar nesta carreira.
Vamos?
O que faz um Especialista em Medicina Materno-Fetal?
O médico especialista em Medicina Materno-Fetal trata as doenças desenvolvidas na gravidez, assim como as doenças do feto. Ele é um médico, portanto, que trata em simultâneo a mãe e o bebé.
Esta subespecialidade envolve o trabalho com vários profissionais para que o resultado seja o melhor. Além de estar em estrita relação com o ginecologista/obstetra, ele pode trabalhar com outros médicos especialistas, como, por exemplo, oncologistas, geneticistas, urologistas, entre outros.
Além do tratamento de mulheres que sofrem de doenças da gravidez e tratar o feto, ele também segue mulheres que já tenham tido problemas em gravidezes anteriores ou que tenham doenças crónicas.
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Quais as suas funções
O médico especialista em Medicina Materno-Fetal tem como objetivo tratar as doenças da gravidez e do feto. Por isso, o dia a dia deste profissional é muito intenso, até porque acaba por ter de tratar dois pacientes ao mesmo tempo.
Vejamos agora algumas das tarefas que tem a seu cargo!
Consulta pré-gravidez
Quando uma mulher tem uma doença crónica ou quando já teve problemas em gravidezes anteriores e pretende engravidar, este especialista faz uma revisão da história clínica e “monta” uma estratégia para que a gravidez futura corra sem percalços.
Rastreio e diagnóstico
A partir da ecografia e testes sanguíneos, este especialista é capaz de fazer o rastreio genético e avaliar o feto. Neste caso, trabalha diretamente com os especialistas em genética com o objetivo de detetar possíveis anomalias, como a Trissomia 21, por exemplo.
Parto pré-termo
É o especialista em Medicina Materno-Fetal que faz o rastreio do parto pré-termo (antes das 37 semanas de gestação). O médico inicia a terapêutica médica ou então realiza uma cirurgia (cerclage do colo do útero).
Testes e tratamentos fetais
O médico realiza vários testes fetais e, quando for preciso, realiza os tratamentos mais adequados.
A monitorização fetal anteparto é feita através de uma ecografia 2D e é possível avaliar a frequência cardíaca do feto, os movimentos do bebé, assim como pode avaliar o líquido amniótico. O uso da ecografia Doppler tem como objetivo medir o fluxo sanguíneo.
Através destes testes conseguimos, também, identificar complicações fetais, como, por exemplo:
- Problemas de Crescimento Fetal – Macrossomia ou restrição do crescimento fetal
- Infeções – Parvovírus, varicela, Toxoplasmose, entre outras
- Gravidez Múltipla – Quando a gravidez envolve mais do que um feto, os riscos para o parto pré-termo são maiores, assim como aumenta o risco de problemas de crescimento fetal.
Avaliar e tratar problemas de saúde da mãe
A gravidez é uma fase importante na vida da mulher e do bebé. No entanto, nem sempre conseguimos manter-nos bem de saúde ao longo de toda a gestação, aumentando os riscos para a mulher e para o feto.
Além disso, existem doenças crónicas que se podem agravar durante a gestação e podem prejudicar o feto.
Vejamos alguns dos problemas de saúde mais comuns durante a gravidez e que precisam de vigilância mais apertada!
- Hipertensão arterial – Hipertensão gestacional, Síndrome de Hellp, Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia
- Hemorragias – Estas podem ser causadas por problemas da placenta, como, por exemplo, Placenta Prévia, placenta Increta, Placenta Accreta, Placenta Percreta ou Descolamento Placentar
- Doenças cardiovasculares – Arritmia, Cardiomiopatia, Doença Cardíaca Congénita, Doença Coronária, Hipertensão Pulmonar, Doença Valvular
- Obesidade – Pode levar a outras doenças, como, por exemplo, Diabetes e Malformações Fetais
- Doenças Pulmonares – Tuberculose, Asma, Fibrose Quística, Pneumonia e Influenza
- Doenças Digestivas – Colite Ulcerosa, Doença de Crohn, Hiperémese Gravítica, Pancreatite, entre outras
- Patologias do Sangue – Anemia de células Falciforme, Trombofilias, Hemoglobinopatias, entre outras
- Doenças das Glândulas Endócrinas – Feocromocitoma, Diabetes Mellitus, Doenças da Tireoide, Doença de Addison, entre outras
- Doenças renais – Nefropatia, Insuficiência Renal Crónica e mulheres sujeitas a Transplante Renal
- Patologias no Cérebro – Convulsões, Diabetes Insipida, Esclerose Múltipla, Cefaleias, Depressão, entre outras
- Problemas no Sistema Imunitários e Infeções – Doenças autoimunes, como, por exemplo, Lúpus Eritematoso Disseminado, e Doenças Infeciosas, como, por exemplo, Hepatite e HIV
- Cancro
- Patologias do Osso, Pele e Cartilagem – Dermatoses, Síndrome de Marfan e Displasia Musculoesquelética
Emergências
O especialista em Medicina Materno-Fetal também trabalha com o cirurgião em emergências cirúrgicas. Este trabalho em equipa é essencial para garantir que a mãe e o feto se mantêm saudáveis.
Deteção de Malformações Fetais
Com os avanços no sistema da ecografia, conseguimos detetar melhor as malformações fetais. Este médico especialista realiza sempre testes para conseguir identificar possíveis malformações, como, por exemplo:
- Espinha Bífida
- Displasia esquelética
- Problemas Cromossómicos, como a Trissomia 21, por exemplo
- Exposição a químicos e drogas
- Problemas no sistema nervoso central
Acompanhamento pós-parto
O especialista em Materno-Fetal também faz o acompanhamento da mãe e do bebé depois do parto, principalmente se já tiver sido detetado um problema durante a gravidez.
Saídas no Mercado de Trabalho
O médico especialista em Medicina Materno-Fetal pode trabalhar em hospitais públicos ou privados, assim como em maternidades.
Em Portugal, assim como no Brasil, existe falta de médicos especialistas nesta subespecialidade e, portanto, não terás dificuldade em conseguir uma excelente oportunidade de trabalho.
Como entrar na carreira de Medicina Materno-Fetal?
Para seguires a profissão de especialista em Medicina Materno-Fetal, primeiro tens de concluir o curso de Medicina (6 anos). Depois precisas fazer o Ano Comum (Residência em Clínica Médica no Brasil). Só depois vais fazer o internato (residência) na especialidade de Ginecologia / Obstetrícia.
Para obter o Título de Subespecialista em Medicina Materno-Fetal, é preciso ter experiência comprovada na área de, pelo menos, 5 anos.
Além disso, precisas também participar como formador em 5 ações de formação pós-graduada na subespecialidade e ser autor ou coautor de 3 artigos originais, pelo menos. Precisas, também, ter feito, no mínimo, 5 conferências ou comunicações orais em reuniões científicas e ter feito, no mínimo, 10 protocolos clínicos ou folhetos informativos.
Em Portugal, este título precisa de recertificação de 10 em 10 anos.
Onde estudar Medicina?
Portugal:
Brasil:
Estas são apenas algumas das instituições nas quais podes tirar o teu curso de Medicina. Embora não seja nada fácil conseguirmos uma vaga, é sempre possível quando trabalhamos com afinco.
Se o teu sonho é ser especialista em Medicina Materno-Fetal, então dedica-te bastante. Acredita em ti, nas tuas capacidades, pois vai valer a pena todo o esforço. Sucesso!