A cadeira de dentista continua a assustar muita gente. Mas depois de conheceres estas 10 curiosidades sobre dentistas e a evolução da medicina dentária, vais perceber a sorte que tens! Vem daí à descoberta…
A Medicina Dentária sofreu evoluções extraordinárias nos últimos anos, o que é ótimo para quem precisa de se sentar na cadeira do dentista. Mas é interessante recuar no tempo para perceber como era cuidar dos dentes noutros tempos.
Assim, prepara-te para este viagem por 10 curiosidades sobre Dentistas e sobre os dentes. Algumas delas são terríveis, mas também muito engraçadas!
Vamos à descoberta?
Incas usavam resina corrosiva como anestesia
Ainda há muitas pessoas que têm medo de ir ao dentista, mas, noutros tempos, era mesmo um verdadeiro terror! Repara que os métodos usados eram mesmo muito violentos e, muitas vezes, os pacientes eram amarrados à cadeira para evitar acidentes.
No tempo dos Incas, o império que se estendeu por territórios da atual Colômbia, do Chile e da Argentina, usava-se uma espécie de mistura anestésica para arrancar dentes. Eles recorriam a uma resina corrosiva que permitia amolecer um dente antes de o arrancar com a ajuda de um golpe de estaca. Estás a imaginar a cena? Assustador.
O primeiro anestésico local era feito com cocaína e surgiu em 1860. Em 1905, o químico alemão Alfred Einhorn conseguiu sintetizar a procaína que, ainda actualmente, é muito utilizada em anestesias dentárias.
Antídoto com carne de cobra contra dores de dentes
Nos tempos antigos, não havia propriamente higiene oral. Portanto, os problemas dentários podiam acontecer com frequência. E, por isso, muitas pessoas sofriam com dores de dentes.
Em algumas civilizações, acreditava-se que esses problemas dentários eram provocados por diabos. Por isso, para tratar as dores, faziam rituais mágicos e religiosos.
Mas na Roma Antiga, o Imperador Nero usava um poderoso antídoto para venenos chamado teriaga para aliviar as dores de dentes. Este remédio terá sido melhorado pelo médico romano Andrómaco que terá acrescentado carne de cobra à mistura tradicional.
Mas o composto tinha ainda algumas plantas medicinais antigas, como, por exemplo, canela, gengibre e açafrão. Além disso, continha ópio e, portanto, ajudava a adormecer a dor e dava uma sensação de bem-estar.
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Barbeiros eram os dentistas de outrora
A profissão de Dentista é relativamente recente. Mas, noutros tempos, quem fazia o trabalho eram os Barbeiros, pois a única coisa que se sabia fazer em termos de tratamentos dentários era mesmo tirar dentes podres.
Assim, os Barbeiros eram também conhecidos como tira-dentes. Mas como é que isso aconteceu?
Repara que, na Idade Média, os médicos eram, habitualmente, os monges cristãos que chegavam até a fazer cirurgias. Nalgumas situações, os Barbeiros faziam de seus assistentes pela proximidade criada quando lhes cortavam o cabelo e a barba – e também pelo sangue frio que se exigia.
Quando, em 1163, a Igreja proibiu os monges de fazerem mais operações, os Barbeiros acabaram por assumir algumas das funções que eles tinham. Assim, faziam curativo e sangrias, com sanguessugas e ventosas, resolviam pedras na bexiga e faziam pequenas cirurgias. Mas também tiravam dentes!
As técnicas que usavam eram, então, muito primitivas e sem anestesias. Por isso, a sua atividade era tanto um ofício como um espectáculo de terror e algum humor (para quem estava só a assistir, claro!).
Primeira escova de dentes feita com pelos de javali
A escova de dentes mais antiga do mundo foi encontrada num túmulo egípcio e data de 3 mil anos antes de Cristo. Tratava-se de um ramo com as pontas desfiadas e que serviam para esfregar os dentes.
Na Grécia e na Roma Antigas, as pessoas limpavam os dentes com ossos e conchas de ostras esmagados.
Mas aquela que é a primeira escova de dentes, como a conhecemos actualmente, foi criada em 1780 pelo empresário inglês William Addis. Era feita com ossos de vacas e pêlos de javali. Estás a imaginar-te a esfregar os teus dentes com ela?
A primeira pasta de dentes
Os registos mais antigos do uso de misturas para a limpeza dos dentes datam do tempo dos Antigos Egípcios. Há manuscritos que referem misturas usando substâncias como mirra, pedra-pomes, cinzas, cascas de ovos, pimenta, sal e folhas de menta. Estás a sentir o sabor? Provavelmente, uma experiência forte!
Essas misturas deveriam ser, quase de certeza, aplicadas com panos ou com os próprios dedos – não se sabe ao certo.
Mais tarde, em Inglaterra, no Século XVI, usava-se uma mistura de pó de tijolo, porcelana, talheres triturados e conchas de moluscos.
Mas também há registos o uso de uma espécie de pasta de dentes feita com pão queimado. Ou ainda misturas com resina e canela.
No Século XIX, havia no Reino Unido uma mistura feita com sal e giz. Porém, até o carvão vegetal terá sido usado para limpar os dentes.
Contudo, a primeira pasta de dentes, a verdadeira, foi criada em 1850 pelo dentista americano Washington Sheffield – foi baptizada de Creme Dentifríco Dr. Sheffield. Diz-te alguma coisa? A marca ainda existe no mercado.
Em 1892, o Dr. Sheffield criou o tubo flexível para guardar a pasta de dentes que tornou o produto num sucesso! Esse tubo persiste, mais ou menos idêntico, até aos dias de hoje.
O inventor do fio dental
Sabias que os humanos pré-históricos já usavam fio dental? Ou, pelo menos, algo parecido. Antropólogos descobriram restos de um fio entre os dentes de humanos pré-históricos, o que atesta que a prática é bem antiga.
Mas o “pai” do fio dental foi o dentista norte-americano Levi Spear Parmly. A descoberta data de 1815 e diz-se que ele começou a recomendar aos seus pacientes, no consultório de Nova Orleães, que usassem um fio feito de seda que ele próprio lhes cedia.
Freiras fabricaram primeiros palitos de dentes
Também os palitos de dentes parecem ser uma prática bem antiga. Antropólogos descobriram vestígios do seu uso em Homens de Neandertal. Deviam ser feitos de hastes de ervas mais duras. Mas depois terão sido substituídos por pequenos ossos e ardósia.
Num dado momento da História, os palitos eram usados como um sinal de riqueza, sendo personalizados e decorados, esculpidos em marfim ou em prata. Assim, podiam ter a forma de sereias ou de flamingos de pernas compridas.
Os palitos de dentes tornaram-se um símbolo tão carismático que até aparecem em lendas trágicas antigas, como na história da morte de Agátocles, o siciliano, que se tornou rei de Siracusa. Conta-se que foi assassinado porque um inimigo embebeu o seu palito de dentes em veneno.
Mas os primeiros fabricantes de palitos de dentes foram freiras em Portugal, da região do rio Mondego. Elas faziam palitos para vender juntamente com doces conventuais. Assim, os seus palitos feitos de paus de laranjeira acabaram no Brasil que, na altura, era uma colónia portuguesa.
E foi no Brasil que o empresário norte-americano Charles Forster ficou fascinado com os palitos de dentes. Ele ficou encantado com a forma como as índias brasileiras usavam palitos de salgueiros para retirarem sobras de comida dos dentes.
Assim, copiou a ideia e, em 1887, abriu a sua primeira fábrica de produção de palitos de dentes nos EUA. Mas antes, teve que recriar uma máquina de pregar sapatos para conseguir fazer os palitos a partir de bétula branca.
Dentes de cadáveres
A remoção dos dentes com cáries foi, durante longos anos, o único tratamento dentário conhecido. Assim, tornou-se importante substituir esses dentes em falta e, por muito tempo, foi necessária alguma criatividade nesse sentido.
Os primeiros dentes postiços utilizados eram de cadáveres. Isso mesmo. Dentes de pessoas mortas! Há, inclusive, a expressão de “dentes de Waterloo” que surgiu
Na Batalha de Waterloo, que ocorreu no território da atual Bélgica, em 1815, contra forças de Napoleão, morreram quase 50 mil pessoas. A mítica batalha levou à queda do Império de Napoleão. Nessa altura, os dentes dos soldados mortos eram objetos preciosos e muito valorizados. Portanto, arrancaram-se milhares de dentes de cadáveres para vender aos dentistas da época.
Mas também havia pessoas pobres que vendiam os seus dentes, pois aqueles tempos eram de miséria.
Contudo, as primeiras dentaduras eram feitas de prata ou de pedras preciosas, como, por exemplo, a ágata.
Mas também se faziam próteses dentárias com osso e marfim. Essas dentaduras eram presas com fios aos dentes verdadeiros.
Uma das dentaduras mais conhecidas do mundo, por razões históricas, é a de George Washington (1732-1799), o primeiro presidente dos EUA. Foi feita com ouro, marfim, chumbo e dentes de animais e encontra-se em exibição no Museu de Odontologia de Baltimore.
Situado no campus da Universidade de Maryland, em Baltimore, onde abriu a primeira Escola Dentária do mundo, este Museu conta a história da Medicina Dentária e é uma das atrações turísticas da cidade.
Guerras ajudaram a saúde oral
As guerras que surgiram ao longo dos tempos foram responsáveis por muitos avanços médicos, também no sector da Odontologia. Repara que, muitas vezes, os médicos precisavam de ser criativos e de enfrentar imprevistos enquanto cuidavam de soldados feridos.
Assim, foram-se promovendo grandes desenvolvimentos médicos devido a conflitos trágicos.
Por outro lado, as guerras promoveram também quezílias entre países, com campanhas de propaganda à mistura. Assim, durante a Guerra Fria, os EUA “vendiam” a ideia de que os americanos tinham dentes mais bonitos e saudáveis por serem superiores aos russos. Já a União Soviética incitava os cidadãos a lavarem os dentes em nome da pátria.
Portanto, as guerras acabaram, em certos casos, por ajudar à saúde oral das populações.
As cadeiras de dentista
A cadeira de dentista mais antiga data do período entre 1790 e 1812 e é atribuída a Josiah Flagg. Este senhor foi o primeiro dentista nascido nos EUA e também é visto como o criador da primeira cadeira odontológica.
Josiah Flagg pegou numa cadeira Windsor comum e acrescentou-lhe um apoio de cabeça ajustável, bem como uma extensão para o apoio de braço e uma gaveta para os instrumentos dentários. Três gerações da família Flagg usaram essa cadeira que está exposta num museu.
Ao longo dos anos, as cadeiras de dentista foram alvo de muitas inovações, por exemplo, com a inclusão de iluminação própria, algo que não havia nas primeiras versões. Mas só nos anos de 1970 é que a evolução na fibra ótica permitiu integrar uma peça para direcionar a luz para a boca do paciente.
O pai da Odontologia
O termo dentista terá surgido, pela primeira vez, em França, em 1363, pela mão de Guy de Chauliac, um médico e cirurgião francês que escreveu o tratado “Chirurgia Magna” sobre a cirurgia.
Mas “o pai da Odontologia Moderna” é Pierre Fauchard, outro médico francês. Em 1728, Fauchard publicou o “Tratado dos dentes para os cirurgiões dentistas” que é a primeira obra conhecida a falar da anatomia oral, das doenças da boca, de técnicas de remoção de dentes e cáries, mas também de restaurações e transplantes de dentes.
O livro motivou uma verdadeira revolução na Medicina Dentária, com o avanço de novos conhecimentos, técnicas e aparelhos.
Em conclusão…
A Medicina Dentária evoluiu muito ao longo dos anos e, felizmente, hoje em dia, ir ao dentista é muito mais tranquilo do que há um par de anos.
Mas conhecer estas curiosidades sobre dentistas ajuda-nos a perceber como deveria ser um terror ter uma dor de dentes noutros tempos! O ideal mesmo é cuidar da saúde dos dentes para evitar medos e manter o sorriso bonito.