Sabes quais as profissões que causam mais ataques cardíacos?

É certo e sabido que o trabalho tem influência na saúde das pessoas. Mas sabias que pode afetar o nosso relógio biológico e aumentar os riscos cardiovasculares? Vem descobrir quais as profissões que causam mais ataques cardíacos…

As horas de trabalho que se desviam do relógio biológico natural de cada indivíduo estão associadas a maiores riscos de doenças cardiovasculares. É a conclusão de um estudo divulgado este ano pela Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC na sigla original em Inglês).

Isto significa que o trabalho por turnos é um problema sério para algumas pessoas, pois é onde as pessoas mais se desviam do relógio biológico. E quantas mais mudanças de horários, maiores serão os riscos de ataques cardíacos e de outros problemas do coração.

Estes dados foram revelados no congresso virtual “ESC Preventive Cardiology 2021”, promovido pela ESC. E resultam de uma pesquisa da médica Sara Gamboa Madeira, investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Má notícia para quem trabalha por turnos

“Por cada hora em que o horário de trabalho está dessincronizado com o relógio biológico do funcionário, o risco de doença cardíaca piora”, aponta a médica citada num comunicado da ESC.

É mais uma má notícia para as pessoas que estão obrigadas a trabalharem por turnos. Outros estudos já tinham associado o trabalho por turnos a problemas cardíacos, pois pode motivar distúrbios do sono ou padrões alimentares menos saudáveis.

A pesquisa de Sara Gamboa Madeira vem reforçar esta associação. Além disso, a médica sugere que quem trabalha por turnos pode precisar de “uma monitorização mais próxima para a saúde do coração”.

És cotovia ou coruja?

A investigação de Sara Gamboa Madeira centrou-se no chamado “jet-lag social”, ou seja, no desalinhamento circadiano, como é conhecido num tom mais científico. Assim, a médica pretendia comparar o relógio biológico de cada um com o chamado “relógio social”, ou seja, as tendências de rotina em termos sociais.

“Todos temos um relógio biológico interno que vai dos tipos matinais, ou cotovias, que se sentem alertas e produtivos no início da manhã e sonolentos à noite, até aos tipos noturnos – corujas, para quem o oposto é verdadeiro, com a maioria da população a situar-se entre os dois”, explica Sara Gamboa Madeira em declarações divulgadas pela ESC.

“O desalinhamento circadiano ocorre quando há um desacordo entre o que o corpo quer, por exemplo, dormir às 10 da noite, e o que as obrigações sociais impõem, por exemplo, trabalhar até à meia-noite”, acrescenta ainda a médica.

Como foi feita a pesquisa

A pesquisa financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) decorreu com 301 operários de uma empresa de distribuição, na área do retalho. A sua atividade era fazer a separação manual de produtos nos armazéns.

O trabalho era feito por três turnos- entre as 6 da manhã e as 3 da tarde, entre as 3 da tarde e a meia-noite, e entre as 9 da noite e as 6 da manhã.

Os participantes preencheram um questionário com dados pessoais, por exemplo, a idade e o sexo, mas também com indicações sobre o seu estilo de vida e a sua saúde.

Estes questionários serviram para entender os hábitos de sono, para fazer uma estimativa sobre o cronotipo, ou seja, o relógio biológico interno de cada pessoa. Assim, foi possível calcular o nível de “jet-lag social” de cada participante.

Os 301 operários foram divididos em três grupos, segundo as horas do “jet-lag social”: 2 horas ou menos, 2 a 4 horas, e 4 horas ou mais. Deste modo, os investigadores calcularam o risco cardiovascular de cada participante. Para isso, levaram em conta se fumavam, ou não, bem como os valores do colesterol e da pressão arterial.

Os resultados

A idade média dos participantes era de 33 anos e 56% eram homens. Metade eram fumadores, 49% tinham colesterol elevado e 10% tinham tensão arterial. Assim, 20% foram classificados como tendo risco cardiovascular elevado.

Em 59% dos trabalhadores, o “jet-lag social” era de duas horas ou menos. Em 33%, era de 2 a 4 horas e em 8%, era de 4 horas ou mais.

“Um nível elevado de “jet-lag social” foi “associado de forma significativa” a maiores probabilidades de estar no grupo de maior risco cardiovascular”, refere o comunicado da ESC.

As chances de aparecer classificado no grupo de maior risco cardiovascular “aumentaram 31% por cada hora adicional de “jet-lag social”, mesmo considerando o estilo de vida e o índice da massa corporal, nota-se ainda.

“Estes resultados aumentam as evidências de que o desalinhamento circadiano pode explicar, pelo menos em parte, a associação encontrada entre trabalho por turnos e resultados prejudiciais à saúde”, salienta Sara Gamboa Madeira.

Contudo, como defende a médica, são necessários mais estudos para “investigar se os cronotipos tardios lidam melhor com turnos noturnos, ou durante a tarde, e se os cronotipos matinais lidam melhor com turnos de manhã”.

Em conclusão…

Agora que já sabes quais as profissões que causam mais ataques cardíacos, ou o tipo de profissões onde há maiores riscos, fazemos um último alerta. Nem só o horário de trabalho e as pressões profissionais afetam a saúde do nosso coração. É preciso manter uma vida ativa, com exercício físico e uma alimentação cuidada.

Além disso, é preciso controlar o peso, evitar o tabaco e o álcool e tentar reduzir o stress no dia a dia. Mas ainda é importante ir ao médico com regularidade. Cuidar da saúde também é cuidar do futuro!

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