Mobbing: como lidar com o assédio no trabalho

O assédio no trabalho, também conhecido por mobbing ou bullying laboral, pode ter efeitos trágicos na vida das pessoas. Os trabalhadores que são vítimas destas atitudes podem sofrer isolamento, humilhação e até ser alvo de agressões.

Além disso, este tipo de situações reflete-se no próprio trabalho, afetando a produtividade, o que também será péssimo para a própria empresa. Por isso, é importante ter atenção a estes casos de assédio moral no trabalho, tomando medidas para os evitar.

Mas como é que o mobbing se pode manifestar? É disso que vamos falar de seguida…

Assédio no trabalho: o que é o mobbing?

O assédio no trabalho pode ser movido por um único individuo, ou por um grupo de trabalhadores. Mas o mobbing é, geralmente, um comportamento de intimidação de um grupo para com algum colega de trabalho que é humilhado e perseguido.

Repara que “mobb” é uma palavra inglesa que significa “multidão”. Portanto, trata-se de uma atuação em bloco de várias pessoas alinhadas, tendo um mesmo colega como alvo.

Mas, às vezes, até pode ser algo inconsciente, por exemplo, para com um novo funcionário com alguma característica específica. Na verdade, os agressores podem nem ter a percepção de que estão a ser incorretos. Podem, simplesmente, acreditar que o que fazem tem piada!

Em qualquer caso, seja consciente, ou não, é sempre tóxico. E acaba também por instalar um ambiente nada saudável, com consequências para as vítimas, mas também para a própria empresa.

Como se manifesta

Há várias formas de assédio moral no trabalho e, por vezes, podem até passar despercebidas. O que caracteriza o mobbing, e o assédio no trabalho em geral, é a sua repetição no tempo. Não estamos a falar de uma atitude negativa de uma só vez, mas em comportamentos que se mantêm para com algum trabalhador.

Entre as formas mais comuns de assédio e de mobbing estão as seguintes:

  • Ignorar opiniões, pedidos de feedback ou de suporte
  • Dificultar propositadamente o trabalho de alguém
  • Espalhar rumores e calúnias sobre um colega de trabalho (com informações pessoais constrangedoras, por exemplo)
  • Agressões verbais (isto inclui insultos, mas também ironias e respostas hostis ou agressivas)
  • Exclusão e isolamento (por exemplo, não convidando o trabalhador para reuniões importantes e eventos sociais da empresa, ou colocando-o numa área distante do escritório)
  • Assédio sexual (desde piadas sexistas a insinuações, passando por toques ou gestos mais violentos).

As agressões físicas são menos comuns, neste contexto, mas também podem acontecer, sobretudo se os agressores sentirem que não serão alvo de punições pelos seus atos.

Como é que aparece o mobbing?

O assédio no trabalho não é um fenómeno novo. Já na década de 1940, se falava do tema a propósito dos operários das fábricas. Há, inclusive, dados sobre um comportamento de grupos de trabalhadores que acordaram chegar a um determinado patamar de produção, para receberem prémios.

Assim, quem se dispusesse a fazer mais do que o acordado, revelando um melhor desempenho, era vítima de mobbing. Nesses casos, os trabalhadores que se deixassem levar por essa ânsia de receber mais incentivos salariais, eram ameaçados, insultados e até agredidos fisicamente pelos colegas de fábrica.

Este exemplo ilustra aquilo que pode acontecer em algumas empresas, onde o assédio é motivado por razões semelhantes. Pode ser uma reação de grupo contra um trabalhador que não se queira conformar às “regras”.

As razões do mobbing não são lineares, e nem sempre são claras. Pode haver vários fatores em jogo e alguns deles são os seguintes:

  • Desempenho e salários baseados na competição interna
  • Elevadas cargas de trabalho
  • Prazos apertados de entrega
  • Ausência de políticas contra o assédio
  • Comissões ou objetivos a atingir baseados em grupos
  • Mau ambiente na empresa
  • Ameaças de altos responsáveis da empresa
  • Racismo, sexismo, homofobia, ou outro tipo de preconceitos
  • Ciúmes e baixa autoestima.

Consequências do mobbing

O assédio no trabalho pode ter consequências trágicas na vida de uma pessoa. É só pensar que passamos grande parte do nosso tempo no trabalho!

Alguém que seja vítima de mobbing pode sentir um conflito interno terrível fruto da baixa satisfação no trabalho e da sensação de injustiça. E isso tem reflexos inclusive na sua saúde física. Alguns dos efeitos podem ser os seguintes:

  • Dores musculares
  • Dificuldades cardiovasculares
  • Fibromialgia
  • Distúrbios do sono
  • Depressão e ansiedade
  • Fadiga
  • Pensamentos suicidas.

Mas o mobbing também prejudica as próprias empresas, pois a produtividade fica afetada devido ao baixo desempenho dos funcionários visados.

Além disso, aumenta o risco de terem de enfrentar litígios dispendiosos devido a erros dos trabalhadores, ou até no âmbito do próprio caso judicial de assédio no trabalho.

Por outro lado, as culturas tóxicas laborais também podem levar à perda de talentos, aumentando a rotatividade de trabalhadores – com os inerentes custos relacionados com a contratação e a adaptação de novos colaboradores.

Alguns dos efeitos do mobbing na empresa podem ser os seguintes:

  • Aumento do absentismo (ou seja, mais faltas dos colaboradores ao trabalho)
  • Maior rotatividade dos trabalhadores
  • Baixa moral das equipas de trabalho
  • Pior atendimento ao cliente
  • Mais erros nas operações diárias
  • Subida nos custos operacionais (por exemplo, devido à necessidade de adaptar novas contratações)
  • Aumento do risco de ações legais contra a empresa.

Como travar o assédio moral no trabalho?

O primeiro passo para evitar este tipo de casos é ter uma política de tolerância zero quanto ao assédio no trabalho. Isso passa por implementar políticas adequadas e protocolos que ajudem a lidar com estas situações de mobbing.

Neste âmbito, também é preciso sancionar devidamente os agressores, para desmotivar novos casos de assédio laboral.

Por outro lado, é preciso fomentar um bom ambiente de trabalho, assente numa cultura saudável e em benefícios apelativos para os trabalhadores.

A prevenção do mobbing é o melhor remédio

Como em tantas outras áreas, a melhor forma de atuar neste âmbito, é através de políticas de prevenção. E isso começa por uma boa atitude de liderança. Trata-se de liderar pelo exemplo, implementando uma cultura de respeito por todos, independentemente das suas funções ou da hierarquia.

Uma cultura de trabalho saudável “vê” todos com os mesmos olhos, passando a ideia de que não está certo maltratar ninguém, seja a Empregada de Limpeza, ou o CEO da empresa.

É preciso também fazer uma avaliação regular dos funcionários, tanto do seu desempenho como do seu grau de satisfação.

Por outro lado, as empresas têm que abrir a porta e incentivar a denúncia de situações de assédio no trabalho. E depois, devem atuar em conformidade, para mostrar que há tolerância zero contra o mobbing.

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